Tenho
muitas coisas para resolver na cidade. Tenho que pagar a conta de água, comprar
um chuveiro novo e tentar chegar antes de o trem partir - odeio essa sensação
de que vão partir sem mim (é o que sempre acontece). Droga, Luana, se você não ficasse
pensando no que tem que fazer e tentando achar uma metáfora o tempo todo e começasse a fazer de fato, as coisas seriam
mais rápidas.
Às
vezes tenho a sensação de que faço muitas coisas no modo automático – e o quão
capaz você tem que ser se tudo o que faz não há questionamentos?
Agora
estou parada no sinal vermelho. Vejo que algumas pessoas atravessam mesmo
assim. Será que o que vão fazer é muito importante? Ou será que a vida delas
vale tão pouco? Espero na calçada. Sei que ainda posso ser atropelada por algum
carro desgovernado ou por algum alcoólatra. Nunca há uma garantia, então espero.
Mais
alguns estranhos esperam ao meu lado. Você está entre eles. Sei que você é
também um desconhecido para mim. Mas não consigo te classificar junto com
aquelas pessoas. Você me parece muito diferente para ficar no meio dos iguais.
Despertou a minha curiosidade de um jeito que ninguém mais fez.
Já
te observo faz tempo. Tempo suficiente para fazer algumas suposições. Tempo
suficiente para criar perguntas. Aliás, não sei seu nome. Não sei se você gosta
de cachorros ou se aqueles pelos eram de gato. Não sei o que você escuta nos
seus fones ou em quem você pensa enquanto mantém o olhar perdido. São tantas
possibilidades que só a minha imaginação parece não dar conta de preencher. De
certeza só tenho uma: você anda rápido.
Anda
rápido demais, se misturando a multidão. Provavelmente para sair logo de lá.
Pode ter algo muito bom te esperando seja lá para onde você for. Pode ser que
esteja fugindo de algo muito ruim. Talvez seja só a necessidade de se manter em
movimento. Ou a solidão. Quando estou sozinha ando mais rápido, quase na sua
velocidade. E você está sempre sozinho. Talvez seja só a pressa
que consome todo mundo.
Naquele
momento eu desejei ter as respostas, ou só a confirmação de minhas teorias.
Talvez de minha loucura. Ainda assim,
sei de algumas coisas - sei que os ribossomos fazem síntese de proteínas e que
todo número elevado à zero é igual a um. Sei que a cada quatro anos tem um
reajuste de calendário chamado ano bissexto. Eu sei também que às vezes não
adianta ter respostas que não se encaixam. O que importa são as perguntas
certas, as que nunca nos ensinam. Vi que faltavam cinco segundos para o sinal
abrir. Eu ainda queria saber seu nome. Quatro segundos. E se você gosta
de animais. Três segundos.
“Oi,
tudo bem?”, te perguntei pela primeira vez.
PRIMEIRAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!
ResponderExcluirClaro que eu amei, claro que me fez refletir e claro que esse texto lindo veio da sua criatividade e de seu modo de ver a vida.
Que esse seja o primeiro de muitos post's... Mal posso esperar para que o blog tenha váarios comentários, porque você merece :)
Te amo Audrey,
Beijos, May :)
Toda vez que eu leio um texto seu eu fico olhando para a parede (sério), eu espero que você consiga postar tudo aqui para eu ler sempre e ter um relacionamento sério com a parede! Eu amooooooooo quando você me manda textos no bate-papo e amo as sensações que o seu texto gera. Sucesso japanese, to aqui sempre!
ResponderExcluirGi :)
(Finalmente cê criou vergonha na cara pra criar esse blog) Só te desejo sucesso e que esse blog seja teu companheiro e palco das tuas reflexões (que consequentemente são as minhas também) Cê sabe que to aqui sempre que precisar, afinal parte desse sonho é meu também.
ResponderExcluirBjão, Isa :D